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A ressignificação do super-herói em Superman Legacy (2025)

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    temporacomunicacao
  • 10 de jul.
  • 2 min de leitura

‘Superman Legacy’ resgata a essência do herói e corrige os excessos do passado cinematográfico


Por Bruno Balotin / Pauta Serrana

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Com Superman Legacy (2025), James Gunn entrega um filme que não apenas reinicia a trajetória do Homem de Aço no cinema, mas resgata valores há muito esquecidos nas grandes telas. Ao contrário das versões mais recentes do personagem, especialmente a abordagem sombria de Zack Snyder em O Homem de Aço (2013) e Batman vs Superman (2016), Gunn opta por reaproximar Superman de sua identidade original: um símbolo de esperança, compaixão e humanidade.


A nova produção equilibra nostalgia e inovação. Gunn homenageia os clássicos — inclusive ao reutilizar a trilha sonora icônica —, mas não se apoia exclusivamente na memória afetiva. A construção do protagonista parte de algo essencial: Clark Kent é, antes de tudo, um homem criado por pais humanos, e o vínculo com seus pais adotivos ganha destaque emocional no roteiro. A cena em que Jonathan Kent conversa com o filho enquanto observam Krypto brincar nos campos é um dos momentos mais sensíveis do filme, oferecendo uma pausa poética no meio da trama super-heroica.


Essa dimensão emocional é, em muitos aspectos, o oposto da frieza e do distanciamento emocional do Superman de Snyder — que, embora visualmente grandioso, por vezes flertava com o messiânico e o destrutivo, afastando o personagem da sua função simbólica no imaginário popular. Em Legacy, a escolha é clara: trazer o Superman de volta ao povo, aos dilemas cotidianos e aos laços afetivos que moldam seu senso de justiça.


O elenco coadjuvante também contribui para essa proposta mais plural. Krypto, o supercão, estabelece uma conexão leve e afetuosa com Clark. Já a chamada “Gangue da Justiça”, com destaque para um Guy Gardner carismático, adicionando diversidade de tons sem comprometer a unidade narrativa. O Sr. Incrível, em especial, emerge como uma grata surpresa — um herói urbano e cerebral que rouba a cena em vários momentos.


Entre os antagonistas, Lex Luthor finalmente volta a ser o que os quadrinhos sempre prometeram: um vilão inteligente, persuasivo e estrategista, cujos atos têm peso e consequências. Sua interação com o clone do Superman é um dos pontos altos do roteiro, reafirmando a ameaça que representa mesmo sem usar a força física.


Nem tudo, porém, é irretocável. Lois Lane aparece fragilizada no desenvolvimento emocional com Clark, hesitando repetidamente diante do comprometimento do herói — algo que, embora humanize, também enfraquece a relação central do universo Superman. A Mulher-Gavião cumpre função tática, mas tem espaço reduzido. Alguns alívios cômicos destoam do tom mais maduro, como o desfecho de Lex sendo atacado por Krypto — uma cena que, embora divertida, quebra a tensão de maneira abrupta.


Ainda assim, Superman Legacy consegue o que poucos imaginaram possível: reconstruir o Superman sem apagar o passado, mas escolhendo cuidadosamente o que manter e o que superar. Em um momento em que o gênero de super-heróis busca novas direções, o filme de Gunn aposta no essencial — e acerta.

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