Lançamento de livro revela memórias silenciadas da presença negra em Bento Gonçalves

temporacomunicacao
30 de mai.
2 min de leitura

“Registro da Cor”, de Lucas de Anhaia, reúne relatos e documentos que resgatam a história esquecida de famílias negras na cidade. Lançamento acontece no dia 7 de junho, com entrada gratuita.

Uma história que por décadas permaneceu à margem da narrativa oficial de Bento Gonçalves ganha voz e protagonismo no livro “Registro da Cor”, que será lançado no próximo dia 7 de junho, às 16h, na Sociedade Educativa e Cultural 20 de Novembro, no bairro Borgo.

A obra, assinada pelo historiador Lucas de Anhaia, é resultado de uma extensa pesquisa documental e de um valioso trabalho de escuta com pessoas negras que viveram e vivem em Bento Gonçalves. Financiado com recursos do Fundo Municipal de Cultura, o projeto lança luz sobre a contribuição negra na formação cultural, social e econômica da cidade — muitas vezes ignorada ou apagada.

História contada por quem viveu

O livro nasceu a partir de um encontro realizado em março deste ano na Sociedade 20 de Novembro, onde relatos orais serviram como ponto de partida para a investigação histórica. Anhaia combinou depoimentos com pesquisas no acervo do Museu do Imigrante e em outras fontes bibliográficas, articulando essas histórias locais com os contextos mais amplos do Brasil e do mundo.

A publicação valoriza a oralidade como fonte legítima de memória histórica, reunindo entrevistas com famílias negras, imagens e documentos que traçam uma linha do tempo da presença negra no município, desde os períodos de exclusão até a resistência contemporânea.

Evento aberto ao público

O lançamento do livro será um momento de celebração, troca e reconhecimento. A programação inclui atrações culturais como o DJ Daniel de Almeida e a exposição “Retalhos da Diversidade”, também assinada por Lucas de Anhaia. A entrada é gratuita e o livro estará à venda por R$ 40.

Memória, resistência e identidade

Para Zilda Marques Nuncio, presidente da Sociedade 20 de Novembro, o lançamento representa muito mais que um registro histórico — é um ato de reparação simbólica. “Este livro é um testemunho vivo da identidade e da diversidade cultural que moldam nossa cidade”, afirma. Segundo ela, a obra fortalece a luta contra o preconceito e contribui para a educação antirracista.

Já o autor destaca o ineditismo da publicação. “Pela primeira vez, conseguimos reunir documentos, imagens e memórias orais das populações negras de Bento Gonçalves, rompendo com a invisibilidade histórica da região”, afirma Anhaia. O historiador também provoca uma reflexão crítica sobre os mitos fundadores da Serra Gaúcha: “Ao desconstruir a ideia da imigração como epopeia isolada, mostramos que houve políticas públicas para colonos europeus que foram negadas aos negros e indígenas.”