Orkut vai voltar? A nostalgia é real, mas os fatos ainda são poucos
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- há 2 dias
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Diego Franzen | Pauta Serrana

A internet brasileira, vez por outra, sente saudade de si mesma. E quando sente, o nome que grita do fundo da garganta digital é sempre o mesmo: Orkut.
Nesta quarta-feira (9), o fantasma — ou seria esperança? — do Orkut voltou a assombrar os Trending Topics. Termos como “orkut” e “orkut vai voltar” pipocaram nas redes sociais, embalados por memes, depoimentos e lembranças dos tempos dourados da internet, quando se colhia berinjelas na Colheita Feliz e se declarava amor eterno com um scrap cor-de-rosa cheio de glitter.
Mas o que há de novo, afinal? Nada. Ou quase nada.
Tudo começou — ou recomeçou — com uma mensagem que já circula desde 2022. Nela, Orkut Büyükkökten, o criador da rede social, escreve como um poeta da utopia digital:
“Estamos construindo algo novo e mágico. Algo que coloca a comunidade em primeiro lugar. Onde você é mais do que um número, um algoritmo ou um alvo de anúncios.”
A frase é bonita, redonda, toca fundo nos corações exaustos do algoritmo. Mas é velha.
A página oficial do Orkut continua a mesma: um fundo lilás, uma foto do criador e a promessa de que o mundo precisa de mais gentileza. Há um campo para cadastrar o e-mail — o que, convenhamos, é o novo “aguarde nossos próximos capítulos”.
A verdade, nua e crua, é que a volta do Orkut não está confirmada. Nem nome a nova rede tem. O que existe, por enquanto, é um desejo — legítimo, romântico e talvez até viável — mas ainda solto no ar, sem cronograma, sem data, sem interface.
O passado é um lugar confortável
O burburinho não surgiu do acaso. Vivemos uma espécie de renascença dos anos 2000: câmera Cybershot, celular Blackberry, tênis All Star de cano alto e, claro, a lembrança daquela rede social em que ninguém precisava dançar para ganhar engajamento.
O Orkut era um lugar de “comunidades que definem quem você é” — como “Eu odeio acordar cedo” e “Sou legal, não estou te dando bola”. Era também um campo de batalha passivo-agressivo: “Fulano não te deixou um depoimento visível”.
Era tudo muito mais… humano? Talvez. É nisso que o criador aposta.
“Há tanto ódio online nos dias de hoje”, escreveu Büyükkökten. “Sempre acreditei que uma amizade é mais do que um pedido de amizade.”
Do South Summit à esperança coletiva
O criador do Orkut voltou aos holofotes recentemente, quando participou do South Summit 2025, em Porto Alegre. Falou de conexão humana, de redes sociais mais gentis. Mas não anunciou nada. Nenhuma data. Nenhuma plataforma. Nenhuma beta fechada. Nada.
Então… vai voltar?
A pergunta segue no ar, como um scrap não lido: “Orkut vai voltar?”. Talvez sim. Talvez não. Por enquanto, só voltou o desejo, o que, convenhamos, já é alguma coisa.
Afinal, em tempos de engajamento forçado e dancinhas para sobreviver na timeline, lembrar do Orkut é, para muita gente, como reencontrar um velho amigo que não te pede nada, nem clique, nem curtida, nem a sua alma em troca de dados.
Se voltar, que volte com menos algoritmo e mais depoimento sincero. Se não voltar, que pelo menos a internet volte a ser, um dia, aquilo que prometia ser: um lugar para encontrar amigos e não para perder a paciência.
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