top of page

A Fragilidade dos Homens Fortes

  • Foto do escritor: temporacomunicacao
    temporacomunicacao
  • 17 de nov.
  • 3 min de leitura

Coluna de Diego Franzen


Vivemos submersos em uma sociedade estruturalmente machista, visceralmente misógina, lamentavelmente egoísta e perigosamente ignara, e sustentar honra e caráter, cotidianamente, é praticar uma insurreição silenciosa cujo estandarte apenas os homens autenticamente fortes, aqueles providos de altivez moral inquebrantável, são capazes de erigir.


Mas, precisamos ressaltar, há uma hora secreta da noite em que até os homens mais firmes sentem o peso das batalhas que carregam no silêncio.


Não é fraqueza. É humanidade em estado bruto. É o instante em que a força, essa velha companheira de guerra, repousa por um segundo e deixa à mostra a fratura íntima que ninguém vê.


Sempre acreditei que somos como colunas jônicas erguidas em meio a um vendaval metafísico. À superfície, ostentamos uma solidez lapídea que parece desafiar o próprio tempo, mas em nosso âmago pulsa uma tessitura vulnerável, feita de hesitações e de uma dor que se molda às circunstâncias com obstinada resiliência.


Costuma-se imaginar que o homem forte é impenetrável, um rochedo inalcançável.


Ledo engano.


A verdadeira grandeza do homem honrado não reside na aparência de indestrutibilidade, mas na capacidade de sustentar o peso de suas afeições mesmo quando o mundo se converte em um labirinto de anfractuosidades morais, exigindo uma verticalidade ética quase sacerdotal. Os homens fortes são frágeis justamente porque sentem demais.


São aqueles que se permitem proteger os outros mesmo quando a própria alma clama por amparo.


Carregam o mundo nos ombros com uma serenidade heroica.


Ofertam presença, palavra, constância, abrigo. E quase ninguém percebe que por trás dessa firmeza existe um coração que se contorce para não desmoronar.


Somos, enfim, vigas humanas sustentando catedrais de afetos. E é essa tensão entre a altivez adamantina e a sensibilidade inerme que nos torna não apenas fortes, mas indispensáveis.


Como na alquimia maior, transmutamos nossas dores em ouro interior, elevando o espírito pela ars magna que faz do sofrimento um cadinho de purificação.


E como os cavaleiros da Távola Redonda, marchamos com a espada voltada não à guerra, mas à proteção do que é nobre, guiados por um código de honra que nenhum infortúnio consegue macular.


A honra é a bússola desses homens.


Ela os obriga a permanecer quando tudo convida à desistência. Obriga a lutar por causas que muitos abandonariam. Obriga a cuidar das pessoas que fazem a vida valer a pena, mesmo que o preço disso seja enfrentar noites de exaustão, desapontamentos e tempestades silenciosas.


A honra não permite abandonar quem se ama.


É dever. É chama que não se extingue.


Há algo profundamente humano no modo como esses homens se curvam diante da dor, mas não se rendem.


Seguem porque sabem que alguém confia neles. Seguem porque existe, em algum lugar, um olhar que justificou todas as lutas. Seguem porque a vida perderia sentido se não pudessem proteger aquilo que consideram sagrado.


A fragilidade deles não é defeito. É prova de amor.


Um homem forte não pede reconhecimento. Mas ele floresce quando é visto. Quando alguém percebe o que ele carrega em silêncio. Quando alguém entende que por trás da firmeza existe um coração que busca apenas ser acolhido por quem lhe importa. A vida desses homens muda quando encontram alguém capaz de compreender essa vulnerabilidade nobre, essa coragem sensível, essa entrega rara.


Em um mundo ruidoso, apressado e distraído, talvez o gesto mais precioso seja olhar um homem forte e reconhecer a beleza da sua luta. Perceber que ele não é feito de pedra, mas de fé. Não é movido por orgulho, mas por sentimento. Não é sustentado por acaso, mas por amor.


Quando ele se importa, quando ele ama, ele está ali inteiro. Ele está ali por escolha. Está ali porque vê valor, porque enxerga sentido, porque acredita que aquela pessoa merece cada batalha travada dentro e fora dele.


Há grandeza nisso.


Há devoção.


Há verdade.


Os homens fortes são frágeis porque amam sem medidas. E talvez essa seja a mais poderosa forma de força que o mundo já conheceu.


E que meus filhos sigam esse caminho. Que jamais firam alguém, que nunca façam uma mulher chorar, que sejam lembrados pela altivez que honra gerações e pelo caráter que não se dobra ao mundo. Que carreguem no peito a mesma chama que me guia. Assim a herdei de meus pais e assim a transmito. Uma força limpa, uma sensibilidade digna, uma vida sustentada pela verdade do bem.


Diego Franzen é jornalista, escritor, autor de 17 livros. CEO da Tempora Comunicação e Editor do Portal Pauta Serrana
Diego Franzen é jornalista, escritor, autor de 17 livros. CEO da Tempora Comunicação e Editor do Portal Pauta Serrana


Comentários


Receba nossas atualizações

Obrigado pelo envio!

  • Facebook
  • Whatsapp
  • Instagram
Pauta Branco_edited.png

Rua Cândido Costa 65, sala 406 - Palazzo del Lavoro

Bento Gonçalves/RS - Brasil

bottom of page