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Gaslighting: a arte cruel de fazer você pedir desculpas por se machucar

  • Foto do escritor: temporacomunicacao
    temporacomunicacao
  • há 3 dias
  • 2 min de leitura

Coluna de Maia Boaro


O maior golpe do narcisista não é te machucar. É te convencer de que a culpa sempre foi sua. Ele chega como quem entende, como quem acolhe, como quem vê em você aquilo que ninguém mais valorizou. O narcisista não conquista: ele estuda. Cada insegurança, cada brecha, cada necessidade emocional que você tenta esconder do mundo — ele enxerga como oportunidade.

E então começa o teatro: elogios excessivos, conexão intensa, promessas de futuro. Tudo rápido, tudo profundo, tudo irresistível. Não é amor: é captura.

Mas o golpe verdadeiro não está no início encantado.

Ele começa quando você já está dentro.

O narcisista é um mestre da distorção: ele sabe virar o espelho para que você se enxergue como a responsável por cada briga, cada silêncio, cada frieza. A cena é sempre a mesma — você questiona, ele minimiza. Você sente, ele ridiculariza. Você chora, ele diz que você exagera.

Até que um dia você acredita.

Acredita que sente demais.

Que causa demais.

Que cobra demais.

É assim que o narcisista vence: não destruindo o relacionamento, mas destruindo a sua confiança em si mesma.

De repente, você pede desculpa por atitudes que não teve, por palavras que não disse, por reações que foram legítimas. Você passa a vigiar seus passos, suas emoções, sua própria respiração — com medo de irritá-lo, perdê-lo ou provocar sua indiferença calculada.

E quando a dor chega, você não a reconhece como abuso.

Reconhece como culpa.

Esse é o golpe.

O maior de todos.

E a genialidade cruel é que ele acontece em silêncio, sem gritos, sem marcas visíveis.

É um assassinato emocional suave, lento, inteligente — daqueles que deixam a vítima pedindo desculpas ao agressor.

Só que chega um momento, geralmente no rompimento, em que a realidade explode: você percebe que viveu um relacionamento onde amar era sempre insuficiente e sofrer era sempre sua responsabilidade.

E o impacto é devastador.

Mas também é libertador.

Porque quando a culpa cai, você renasce.

Você entende que não foi falta de amor, foi excesso de manipulação.

Não foi sensibilidade demais, foi gaslighting demais.

Não foi sua culpa. Nunca foi.

A cura começa quando a consciência chega.

E a liberdade começa quando você se vê como realmente é: alguém que tentou, que amou, que deu, que suportou — e que agora merece muito mais do que carregar culpas que não são suas.

O narcisista mente, manipula e distorce.

Mas a verdade tem um poder que ele não controla:

uma vez que você desperta, ele perde toda a força.


Maia Boaro é psicopedagoga, psicoterapeuta e psicanalista, com especialização em Término, Dependência e Narcisismo. Especialista em Neuropsicologia e problemas de aprendizagem; Educação especial infantil e TEA; Terapia cognitiva comportamental; Especialização em terapia em aba; Terapia analítica do comportamento infantil; Especialização em alfabetização e letramento.
Maia Boaro é psicopedagoga, psicoterapeuta e psicanalista, com especialização em Término, Dependência e Narcisismo. Especialista em Neuropsicologia e problemas de aprendizagem; Educação especial infantil e TEA; Terapia cognitiva comportamental; Especialização em terapia em aba; Terapia analítica do comportamento infantil; Especialização em alfabetização e letramento.

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