O Silêncio que Grita: por que estamos exaustos emocionalmente?
- temporacomunicacao
- há 6 dias
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Coluna de Maia Boaro

Existe um tipo de cansaço que não se vê. Ele não aparece nos exames, não se resolve com descanso e não melhora depois de um fim de semana livre. É um esgotamento silencioso, emocional — aquele que se acumula quando vivemos para fora, enquanto por dentro tentamos sobreviver.
Hoje, estamos rodeados de vozes, mas profundamente carentes de escuta. Somos incentivados a “ser fortes”, “seguir em frente”, “não demonstrar fraqueza”. E assim, aprendemos a engolir dores, minimizar frustrações e silenciar tudo aquilo que não cabe na pressa do cotidiano. Só que o silêncio, quando é forçado demais, começa a gritar.
A verdade é simples e incômoda: a exaustão emocional nasce do que guardamos, não do que falamos. Guardamos mágoas para não criar conflitos. Guardamos lágrimas para não “parecer exagerados”. Guardamos dúvidas para não decepcionar. E assim, pouco a pouco, nos tornamos depósitos de expectativas, obrigações e afetos que ninguém vê — mas que nós sentimos o peso diariamente.
O problema é que esse silêncio cria um espaço fértil para tudo o que evitamos encarar. A psicanálise chama isso de retorno do reprimido: aquilo que abafamos volta de formas mais intensas — ansiedade, irritação, cansaço, distanciamento, tristeza que não sabemos explicar. Não estamos exaustos do mundo; estamos exaustos do esforço constante de parecer bem quando não estamos.
Há também o desgaste das relações. Tentamos ser tudo para todos, enquanto recebemos muito pouco em troca. Insistimos em vínculos que drenam, em conversas que não sustentam, em amores que pedem mais do que devolvem. E, nesse desequilíbrio, surge um cansaço profundo: o cansaço de amar sem ser visto, de se doar sem ser reconhecido, de tentar se encaixar em espaços que nunca foram nossos.
O silêncio emocional que carregamos é, na verdade, um pedido de socorro. Ele diz: “olhe para você”, “respeite seus limites”, “pare de se esconder atrás da força”, “permita-se sentir”. Não é fraqueza admitir cansaço; fraqueza é se perder tentando sustentar um papel que não te pertence mais.
O caminho começa quando entendemos que ninguém nos salva daquilo que continuamos justificando. Não podemos curar o que insistimos em esconder. Não podemos descansar se continuamos carregando aquilo que deveria ter sido colocado para fora.
O convite desta semana é simples:
escute o seu silêncio. Ele está pedindo por você.














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