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Por um Brasil sem cassinos nos stories

  • Foto do escritor: temporacomunicacao
    temporacomunicacao
  • 21 de mai.
  • 2 min de leitura

Coluna de Fernando Kopper, jornalista



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Cinco dias após tentar bancar a cidadã modelo diante dos senadores da República, a influenciadora Virginia Fonseca mostrou que não está nem aí. A musa do copo Stanley apareceu, alegre e saltitante, dançando ao som de uma música que exalta justamente o “jogo do tigrinho” — aquele aplicativo de apostas que promete fortuna e entrega boleto.


Sim, leitor, você não leu errado. Enquanto parlamentares discutem o impacto do vício em jogos e as armadilhas que levam jovens ao endividamento, Virginia e seu marido, Zé Felipe — aquele que herdou o carisma do Leonardo, mas não o talento — promovem com gosto a canção que diz: “Vem com a bunda no dinheiro do Tigrin’”. Um verdadeiro hino à desfaçatez.


E tudo isso aconteceu na estrutura do “Rancho do Maia”, uma mistura de reality show com circo de horrores comandado por Carlinhos Maia, onde influenciadores são expostos como gado de engajamento. Ali, Virginia e Zé Felipe pareceram em casa: fazendo piada com a tragédia alheia e ainda lucrando com ela.


Claro que ninguém esperava um tratado sobre ética digital de quem veste moletom na CPI e se refugia em habeas corpus para evitar perguntas incômodas. Mas, convenhamos, a pose de “boa moça que não faz nada fora da lei” não dura cinco dias quando o deboche salta nos stories logo em seguida.


Durante o depoimento, Virginia garantiu que só promove apostas “regulamentadas” — como se isso fosse sinônimo de responsabilidade. Aposta regulamentada, no Brasil, significa basicamente um aviso minúsculo dizendo “jogue com moderação”, enquanto influenciadores dançam sobre pilhas de CPF negativado.


E teve político passando pano, claro. O senador Cleitinho interrompeu a sessão para pedir um vídeo para a esposa. Um momento inesquecível da República: o legislativo ajoelhado diante da blogueira. Em um país sério, isso geraria indignação. Aqui, vira conteúdo.


O Brasil, mais uma vez, mostra que não é para amadores. É o único lugar do mundo onde o influenciador se sente no direito de ensinar moral no Congresso de manhã, e à noite sacudir o esqueleto ao som do “dinheiro do Tigrin’”. O poste mijou no cachorro e gravou um Reels.


Enquanto isso, milhares de brasileiros seguem perdendo dinheiro e esperança nos cassinos digitais. Mas pelo menos a Virginia está feliz, dançando com Zé Felipe e lucrando em cima da ingenuidade de quem ainda acredita que influenciador quer o seu bem.



Fernando Kopper, jornalista
Fernando Kopper, jornalista

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