A Monstruosa Paranormalidade de Chico Xavier
- temporacomunicacao
- há 22 horas
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Coluna de Decimar Biagini
Há monstros que devoram cidades.
E há monstros que iluminam almas.
Chico Xavier pertence a essa segunda espécie, criatura mansa de uma monstruosidade divina. O que nele se abria não era ferocidade, mas vastidão. Era o abismo da linguagem servindo ao invisível, a pena servindo ao verbo de outras dimensões. Sua paranormalidade não se media em truques de salão, mas em oceanos de caligrafia que o tempo, esse crítico exigente, jamais conseguiu esgotar.
Por vezes me perco pensando no que foi verdadeiramente meu e o que foi sussurrado por entidades de outras dimensões que sopraram em meu ouvido no que concerne os mais de 600 video-poemas com declamações e arranjos musicais que publiquei no YouTube e os mais de 2000 poemas que estão à deriva em meu blog desde 2006, quando parei de focar em textos jurídicos tecnicistas e ampliei para abrir a mente se proselitismo ou ritual limitante, expandindo a consciência com Reiki e Espiritualidade das mais variadas leituras. Minhas experiências kharmicas e visões são únicas se observar que não posso checar a mediunidade ou paranormalidade de outra pessoa senão pela luz da razão e usando o filtro do bom senso e das três peneiras socrática, não fosse ter conhecido Divaldo Franco pessoalmente e falado com ele e seus mentores naquela egregora positiva, diria que sou um esquizofrênico de marca maior.
Décadas após sua partida, a tecnologia ousou espiar o mistério.
Máquinas frias, algoritmos sem fé, mas com curiosidade, desceram às páginas psicografadas. Queriam decifrar o indizível. E o que encontraram foi um labirinto de estilos: Emmanuel, sóbrio e romano; André Luiz, clínico e compassivo; Humberto de Campos, irônico e versátil.
A Inteligência Artificial, essa nova pitonisa de silício, confessou humildemente sua ignorância: **não conseguiu misturar os estilos, nem provar que eram o mesmo homem.
Ora, se até o metal reconhece a supraentidade, que resta à carne senão ajoelhar-se?
Em Uberaba, papéis amarelados ainda guardam a respiração de um século. Datilógrafas de fé, voluntários de esperança, revisores de ternura, todos conspiravam em silêncio para que as vozes do além ganhassem ISBN. Era uma editoração feita a mão e a prece.
Hoje, quando um robô tenta imitar o gênio, o faz em bytes; mas Chico o fez em lágrimas.
Os cientistas disseram: “Se tudo foi invenção dele, então que se erga uma ala só para ele na Academia Brasileira de Letras.”
Aliás, com todo respeito aos acadêmicos de algumas confrarias, desafio a fazer como nos tempos dos saraus e scraps da tela azul orkuteana, manda um mote para mim presencialmente ou online e vamos ver quem termina um soneto metrificado num guardanapo de restaurante (Wasil Sacharuk, Gujo Teixeira e outros poetas contemporâneos sabem do que estou a dizer, estamos nos ombros de gigantes quando tomados pela verve).
Eu, porém, diria mais: que se erga uma biblioteca no Umbral, iluminada por sua loucura de amor, para que os desesperados leiam à meia-noite e encontrem, entre vírgulas, o perdão.
Porque a genialidade de Chico, essa monstruosa paranormalidade, não foi apenas psicográfica.
Foi poética.
Foi humana.
Foi, sobretudo, pedagógica: ensinou-nos que o invisível não é o contrário do real, mas o seu avesso luminoso.
Portanto, entre máquinas que estudam o milagre e anjos que ainda o ditam, Chico continua vivo, no intervalo entre a palavra e o silêncio, onde toda inteligência, divina ou artificial, se curva em reverência ao impossível.

Decimar da Silveira Biagini













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